A República Democrática do Congo (RDC), maior produtora mundial de cobalto, anunciou em 6 de outubro de 2025 a implementação de um sistema de quotas para regular a exportação do metal estratégico. Esta decisão substitui a proibição temporária em vigor desde fevereiro e tem como objetivo estabilizar os preços globais, aumentar a receita fiscal e combater práticas de exploração ilegal. A medida também levanta questões sobre o controle estatal e suas repercussões nas relações comerciais internacionais.
O cobalto é um mineral fundamental para a produção de baterias de veículos elétricos, smartphones e outros dispositivos eletrônicos. A RDC detém mais de 70% das reservas globais, tornando-se peça-chave na cadeia global de fornecimento de tecnologia e energia limpa.
Histórico e Contexto
Em 2025, a RDC enfrentou quedas históricas nos preços do cobalto, atingindo o menor nível em nove anos. A decisão de suspender temporariamente as exportações afetou empresas como Glencore e CMOC, causando interrupções na cadeia global de fornecimento. A medida destacou a vulnerabilidade de países consumidores dependentes do metal e a importância estratégica do cobalto para a transição energética global.
O novo sistema de quotas, anunciado pelo presidente Félix Tshisekedi, visa equilibrar a oferta global, fortalecer a economia nacional e garantir que os recursos beneficiem as comunidades locais.
Detalhes do Novo Sistema de Quotas
A partir de 16 de outubro de 2025, a Autoridade de Regulação e Controle de Mercados de Substâncias Minerais Estratégicas (ARECOMS) implementará o sistema com as seguintes diretrizes:
- Limite de Exportação para 2025: 18.125 toneladas métricas até o final do ano.
- Limites Anuais: 96.600 toneladas métricas para 2026 e 2027.
- Reservas Estratégicas: 10% das quotas anuais reservadas a projetos nacionais prioritários.
- Mecanismo de Ajuste: A ARECOMS poderá recomprar estoques excedentes ou não utilizados e ajustar quotas conforme condições de mercado e desenvolvimento de infraestrutura nacional.
O presidente Félix Tshisekedi advertiu que empresas ou indivíduos que violarem as cotas podem ser banidos permanentemente do mercado.
Reações do Setor Privado
O setor empresarial apresentou respostas mistas:
- Glencore: Apoio à medida, considerando a estabilidade do mercado essencial e a necessidade de um sistema regulatório transparente.
- CMOC (China): Crítica às regras, alegando que poderiam prejudicar operações e investimentos na RDC.
Essas reações destacam o desafio do governo em equilibrar interesses nacionais e internacionais.
Impactos Econômicos
O sistema de quotas deve contribuir para:
- Estabilização de Preços Globais: O cobalto é estratégico para a indústria de baterias e dispositivos eletrônicos.
- Aumento da Receita Fiscal: Combate à exploração ilegal e evasão fiscal, canalizando recursos para o desenvolvimento nacional.
- Desenvolvimento de Infraestrutura: Incentivo a projetos estratégicos que utilizem cobalto internamente, fortalecendo a indústria local.
Implicações Geopolíticas
A decisão da RDC tem forte impacto internacional:
- Relações Comerciais: Países e empresas dependentes do cobalto podem reavaliar suas estratégias, especialmente diante de disputas com grandes produtores estrangeiros.
- Investimentos Estrangeiros: Empresas podem ajustar investimentos ou buscar alternativas fora da RDC caso a política seja considerada restritiva.
- Posicionamento Estratégico: O controle rigoroso do cobalto reforça o papel da RDC como ator central em setores de tecnologia e energia limpa.
Questões Sociais e Ambientais
A implementação das quotas pode:
- Estimular práticas de mineração responsáveis: Incentivando cumprimento de normas ambientais e de segurança.
- Impactar mineração artesanal: Fonte de emprego para comunidades locais, que poderá sofrer restrições na produção e venda do mineral.
- Gerar Benefícios Sociais: Se bem gerida, a arrecadação proveniente do cobalto pode financiar serviços públicos, saúde e educação.
Conclusão
A introdução do sistema de quotas para a exportação de cobalto na RDC representa uma mudança significativa na gestão de recursos minerais estratégicos. A medida busca equilibrar interesses econômicos, sociais e geopolíticos, garantindo que o cobalto beneficie a economia nacional e fortaleça a posição da RDC no mercado global. O sucesso dessa política dependerá da capacidade do governo de implementar as regras de forma eficiente, promover práticas sustentáveis e lidar com potenciais tensões internacionais.
O mundo observará atentamente os efeitos desta política, pois o cobalto congoles é vital para a transição energética global e para a indústria de tecnologia nos próximos anos.

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