China enfrenta desaceleração econômica com queda acentuada no crédito bancário em outubro

Sede de um grande banco em Pequim, simbolizando a forte queda dos novos empréstimos bancários na China em outubro.
Os novos empréstimos bancários na China caíram drasticamente em outubro, ficando muito abaixo das previsões e refletindo a fraqueza da economia chinesa.

A economia chinesa registrou mais um sinal de fraqueza em outubro, quando o volume de novos empréstimos concedidos pelos bancos do país despencou para cerca de 220 bilhões de yuans (US$ 30 bilhões), um resultado significativamente inferior às expectativas do mercado, que projetavam cerca de 500 bilhões de yuans. O dado representa o crescimento mais fraco do crédito em mais de um ano, segundo informações da Reuters e da Bloomberg, e levanta novas preocupações sobre a capacidade do governo chinês de impulsionar a recuperação econômica diante de desafios estruturais e domésticos persistentes.

Queda no crédito e confiança em baixa

A desaceleração nos empréstimos bancários reflete um ambiente de baixa confiança entre consumidores e empresas, que continuam relutantes em contrair novas dívidas diante da incerteza econômica. A retração ocorre mesmo com os esforços do governo central e do Banco Popular da China (PBoC) para flexibilizar políticas de crédito e incentivar o investimento.

O enfraquecimento do crédito está ligado a vários fatores: a crise prolongada no setor imobiliário, que ainda representa uma parte substancial da economia; o aumento do desemprego entre jovens; e a queda na demanda externa por produtos chineses, especialmente após o arrefecimento do comércio global.

Sinais de esgotamento nas medidas de estímulo

Nos últimos meses, Pequim tem adotado medidas de estímulo para tentar estabilizar a economia — incluindo cortes nas taxas de juros e programas de financiamento para governos locais e empresas. No entanto, os resultados têm sido limitados. Especialistas apontam que as ações de estímulo não estão se traduzindo em maior atividade econômica, indicando que o problema é mais profundo: falta de confiança estrutural.

“A queda acentuada nos novos empréstimos mostra que as empresas continuam cautelosas com os riscos econômicos e que a política monetária expansionista está perdendo eficácia”, afirmou um analista ouvido pela Bloomberg. “Enquanto o setor imobiliário não se recuperar e a renda das famílias continuar sob pressão, é improvável que o crédito volte a crescer de forma sustentável.”

Crise imobiliária e endividamento local

A crise no setor imobiliário continua sendo um dos principais entraves ao crescimento chinês. Diversas incorporadoras, incluindo gigantes como a Evergrande e a Country Garden, enfrentam dificuldades financeiras severas, o que tem reduzido o investimento e afetado a confiança de compradores e investidores.

Além disso, os altos níveis de endividamento dos governos locais — muitos dos quais dependem da venda de terrenos para gerar receita — agravam a fragilidade fiscal. Essa combinação cria um círculo vicioso: com menos receitas e mais dívidas, as administrações locais reduzem gastos e investimentos, o que limita o impacto dos estímulos federais.

Pressão sobre o governo de Xi Jinping

O governo de Xi Jinping enfrenta o desafio de equilibrar estabilidade financeira e crescimento econômico. Apesar das tentativas de manter a narrativa de resiliência, os dados recentes reforçam a percepção de que a economia chinesa atravessa um período de desaceleração estrutural, com limitações de longo prazo.

Economistas internacionais alertam que, se a tendência persistir, a China pode enfrentar um ciclo prolongado de baixo crescimento, semelhante ao que ocorreu no Japão nas décadas de 1990 e 2000.

Perspectivas para o fim de 2025

Com a aproximação do fim de 2025, os analistas preveem que Pequim deve intensificar as medidas de estímulo, mas com cautela. Novos pacotes de crédito direcionados a pequenas e médias empresas e ao setor de tecnologia são esperados, assim como ajustes nas metas fiscais e monetárias.

No entanto, sem uma restauração da confiança dos consumidores e investidores, os efeitos podem continuar limitados. O governo chinês enfrenta, portanto, um dilema: como estimular a economia sem agravar o endividamento e os riscos financeiros.

Conclusão

A forte queda nos empréstimos bancários em outubro é mais um indicativo da fragilidade da recuperação econômica chinesa. Embora o governo tente reforçar a confiança e estimular o crédito, os desafios domésticos — do setor imobiliário à dívida local — continuam a pesar sobre a segunda maior economia do mundo.

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será publicado.


*