Incerteza eleitoral na Argentina coloca recuperação econômica em risco

Presidente Javier Milei ao lado do ministro da Economia durante evento político em Buenos Aires, Argentina, em 9 de outubro de 2025.
Javier Milei e o ministro da Economia participam de evento político em Buenos Aires, em 9 de outubro de 2025

A Argentina atravessa um momento decisivo em sua trajetória política e econômica. Apesar de avanços recentes e do apoio financeiro internacional, a instabilidade política gerada pelas próximas eleições legislativas ameaça comprometer a recuperação do país.

Contexto político

O presidente Javier Milei, líder do partido La Libertad Avanza, vem implementando um programa de reformas liberais e medidas de austeridade para tentar recuperar a economia após anos de estagnação e inflação elevada. Entre as iniciativas estão a redução de subsídios, cortes de gastos e abertura econômica para atrair investimentos estrangeiros.

No entanto, a agenda de Milei enfrenta desafios políticos significativos. A recente derrota de seu partido nas eleições provinciais em Buenos Aires, combinada com escândalos de corrupção envolvendo figuras próximas ao governo, evidencia a crescente fragilidade política.

Resultados das eleições provinciais em Buenos Aires (7 de setembro de 2025)

Partido / CoalizãoVotos (%)Diferença para Milei (%)
Partido de Axel Kicillof (Peronista)47,28+13,57
La Libertad Avanza (Javier Milei)33,71
Outros partidos19,01

Esses resultados mostram uma erosão do apoio popular a Milei e indicam possíveis dificuldades para aprovar reformas essenciais no Congresso.

Pesquisa de aprovação do governo Milei (outubro de 2025)

IndicadorPercentual
Aprova a gestão de Milei35,3%
Desaprova a gestão de Milei64,7%

baixa aprovação do governo evidencia o clima de desconfiança entre a população e aumenta a pressão política sobre a administração de Milei.

Indicadores econômicos recentes

IndicadorValor (2025)
Crescimento do PIB (T2 vs T2/2024)+6,3%
Inflação anual (agosto)33,6%
Taxa de câmbio USD/ARS (10/10/2025)1.421,6590
Desvalorização do peso em 12 meses45,86%

Apesar do crescimento do PIB, a inflação elevada e a desvalorização do peso argentino indicam que a economia ainda enfrenta instabilidade e vulnerabilidade à volatilidade política.

Desafios políticos e legislativos

O Congresso argentino recentemente aprovou um projeto de lei que limita o uso de decretos presidenciais, permitindo que qualquer câmara bloqueie decretos de emergência com maioria simples. Essa medida reflete a necessidade de maior consenso político para que reformas estruturais avancem.

Além disso, a aproximação das eleições legislativas nacionais em 26 de outubro aumenta a pressão sobre Milei. Caso seu partido não consiga maioria suficiente no Congresso, reformas de austeridade e liberalização econômica podem ser bloqueadas, gerando risco de paralisia legislativa e instabilidade financeira.

Impacto nos mercados e na confiança dos investidores

O ambiente político instável já tem efeito direto nos mercados. A queda do valor do peso argentino e a percepção de risco elevado desestimulam investimentos estrangeiros, ameaçando a continuidade da recuperação econômica prevista para 2025 e 2026.

Economistas consultados pela Reuters alertam que a implementação das reformas depende tanto de recursos financeiros externos quanto da capacidade do governo de manter estabilidade política. Sem apoio legislativo, o crescimento econômico pode ser prejudicado.

Conclusão

A Argentina enfrenta uma encruzilhada: equilibrar reformas econômicas necessárias com a manutenção do apoio político e da confiança popular. Com as eleições legislativas se aproximando, a estabilidade econômica e a confiança dos investidores permanecem incertas. A capacidade do governo de negociar com a oposição e fortalecer instituições democráticas será crucial para garantir que o país avance sem retrocessos.

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