Avanço russo em Donetsk: ofensiva surpresa, custo humano e cálculo geopolítico antes da cúpula Trump–Putin

Socorrista observa prédio danificado com fachadas destruídas após ataque em Zaporizhia, Ucrânia, em 6 de agosto de 2025.
Centro recreativo em Zaporizhia ficou parcialmente destruído após ataque russo em 6 de agosto de 2025. Doze pessoas ficaram feridas; equipes médicas e de resgate estão atendendo os feridos.

O conflito entre Rússia e Ucrânia ganha uma nova escalada de tensão às vésperas da cúpula entre Donald Trump e Vladimir Putin, marcada para 15 de agosto no Alasca. Moscou lançou uma ofensiva relâmpago em Donetsk, em um movimento que atinge pontos logísticos críticos e, segundo analistas, busca obter vantagem nas futuras negociações, mesmo diante de um custo humano significativo.

O movimento inesperado e sua realidade atual

Desde 8 de agosto, tropas russas avançaram entre 10 km e 17 km ao norte de Pokrovsk, com foco nas proximidades de Dobropillia, incluindo localidades como Kucheriv Yar, Zolotyi Kolodiaz, Vesele e Shakhove. A ofensiva ameaça o corredor logístico Dobropillia–Kramatorsk, essencial para mobilização militar ucraniana.

Perdas humanas e materiais

Segundo o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia, entre 24 de fevereiro de 2022 e 5 de agosto de 2025, as perdas russas incluíram aproximadamente 1.058.260 militares mortos ou feridos, além de destruição significativa de equipamentos: 11.071 tanques, 23.091 veículos blindados, 31.081 sistemas de artilharia e 49.620 drones, entre outros.

Embora os dados não sejam específicos da ofensiva atual, eles ajudam a dimensionar o peso humano e logístico das operações russas desde o início do conflito — um custo elevado, mesmo por ganhos territoriais controlados.

Dimensão estratégica

A ação vai além da conquista de terreno: transmite poder de barganha. Segundo analistas do ISW, o objetivo é “preparar condições informacionais” para a cúpula de 15 de agosto, reforçar o ritmo do conflito e aumentar o capital negociador de Moscou.

Reação ucraniana

O presidente Zelensky declarou que novamente a Rússia busca novas ofensivas, não cessar-fogo, e destacou que essa pressão no front custa vidas e recursos além do que a região pode suportar.

Pressão diplomática antes da cúpula

A ofensiva chega a três dias da cúpula e reforça preocupações em capitais ocidentais. Analistas alertam que a escalada antes das negociações pode resultar em concessões territoriais de Kiev — especialmente se a Ucrânia for excluída das negociações.

Análise: narrativa, psicologia e pressão

O avanço operacional e as perdas associadas alimentam tanto a narrativa interna russa quanto criam pressão diplomática acelerada. A escolha do momento e local reforça a percepção de que a ofensiva foi desenhada para impactar fisicamente e psicologicamente — tanto soldados quanto líderes — antes da cúpula.

Cenários possíveis

  1. Consolidação das posições — Rússia fortalece territórios ganhos, reforçando trunfos diplomáticos.
  2. Expansão da ofensiva — avanço além de Pokrovsk visando romper novas linhas ucranianas.
  3. Retirada calculada — Moscou recua após demonstrar capacidade ofensiva, preservando recursos.

Conclusão

O avanço russo no leste da Ucrânia, aliado a uma ofensiva com alto custo em vidas e equipamentos, ressalta a lógica brutal do conflito: cada conquista sobre o terreno transforma-se em argumento nas mesas de negociação. A iminente cúpula Trump–Putin amplifica esse jogo de pressão militar e diplomática, com implicações diretas para o equilíbrio no leste ucraniano.

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