Israel e Hamas selam acordo inicial de cessar-fogo após quase dois anos de guerra em Gaza

Vista aérea de edifícios destruídos em Gaza, mostrando os danos causados por ataques aéreos
Áreas urbanas de Gaza devastadas após ataques aéreos, refletindo a gravidade do conflito

Primeira fase prevê troca de reféns e prisioneiros, retirada parcial de tropas israelenses e trégua monitorada por mediadores internacionais

Após meses de intensas negociações e de uma escalada de violência sem precedentes, Israel e o grupo palestino Hamas chegaram a um acordo para a primeira fase de um cessar-fogo em Gaza. O entendimento, mediado por Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia, marca o avanço mais concreto em direção à paz desde o início da ofensiva israelense no enclave palestino, há quase dois anos.

A informação foi confirmada por Reuters, Associated Press, The Guardian e Washington Post, que relatam que o pacto inclui a suspensão temporária das hostilidades, a liberação gradual de reféns e prisioneiros e a retirada parcial das tropas israelenses para linhas previamente acordadas. O cessar-fogo ainda depende de ratificação final do gabinete israelense, prevista para as próximas horas.

O que está confirmado no acordo

A chamada “primeira fase” do plano estabelece medidas concretas, mas limitadas. De acordo com fontes diplomáticas citadas pela Reuters, Israel se compromete a cessar ataques em Gaza após a ratificação do acordo e a recuar parte de suas forças terrestres dentro de 24 horas. Em troca, o Hamas deverá libertar reféns israelenses mantidos em Gaza, enquanto Israel soltará prisioneiros palestinos listados previamente.

O plano também prevê que a trégua inicial seja supervisionada por mediadores internacionais, incluindo observadores egípcios e cataris, com o objetivo de monitorar o cumprimento dos termos. O cronograma prevê que as liberações ocorram em até 72 horas após a entrada em vigor da trégua.

As fontes ressaltam que esta é apenas a primeira etapa de um processo de paz mais amplo, que ainda deverá discutir a reconstrução de Gaza, a segurança nas fronteiras, a administração do território e a desmilitarização do Hamas — temas que seguem em aberto e que serão tratados em fases futuras de negociação.

A guerra que precede o acordo

O conflito atual teve início com a ofensiva israelense em Gaza, que devastou bairros inteiros, destruiu infraestrutura civil e deixou dezenas de milhares de mortos e feridos, segundo estimativas de agências humanitárias. Do lado israelense, ataques de foguetes e ações armadas do Hamas também resultaram em centenas de vítimas e reféns levados para o enclave.

Ao longo dos meses, esforços diplomáticos liderados por Washington e capitais árabes tentaram sucessivas pausas humanitárias, sem sucesso duradouro. O anúncio desta trégua, portanto, representa um raro momento de convergência diplomática, mesmo que ainda frágil.

Contudo, ataques israelenses ainda foram registrados nas horas que se seguiram ao anúncio do acordo. Relatórios da Al Jazeera e do Middle East Eye indicam que bombardeios pontuais continuaram enquanto se aguardava a ratificação formal do governo israelense — o que mostra que o cessar-fogo ainda não está em vigor em sua totalidade.

Desafios e riscos para a implementação

Apesar do otimismo cauteloso, analistas alertam para obstáculos políticos e logísticos significativos. Dentro de Israel, membros da coalizão de direita têm expressado resistência à ideia de cessar-fogo, argumentando que isso poderia fortalecer o Hamas. Essa divisão interna, detalhada na matéria “Netanyahu enfrenta resistência interna enquanto Trump pressiona por fim da guerra em Gaza”, evidencia como tensões políticas dentro do governo israelense podem atrasar ou até comprometer a implementação do pacto.

Há também o risco de violações localizadas durante o processo de retirada e de troca de reféns, o que já ocorreu em acordos anteriores. Especialistas em segurança alertam que qualquer incidente grave poderia desencadear retaliações imediatas e minar o processo.

Além disso, o acordo não resolve questões estruturais do conflito, como o bloqueio a Gaza, a crise humanitária e o futuro político do território. Essas pautas serão discutidas em uma segunda etapa de negociações — caso a primeira se mantenha estável.

Reações internacionais e esperanças moderadas

Líderes internacionais, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e representantes da ONU, descreveram o acordo como um “passo importante rumo à estabilidade”. Washington, que apresentou a proposta de paz em vinte pontos, classificou a adesão de Israel e Hamas como uma vitória diplomática e humanitária.

Em Gaza e em cidades israelenses próximas à fronteira, moradores reagiram com alívio e emoção à notícia. Para muitos palestinos, a possibilidade de cessar os bombardeios representa uma chance temporária de reerguer comunidades devastadas. Em Israel, o foco é o retorno seguro dos reféns, cuja situação é acompanhada com grande sensibilidade pela opinião pública.

Conclusão: uma trégua frágil, mas necessária

O acordo entre Israel e Hamas não encerra o conflito, mas inaugura uma janela de oportunidade rara. Após meses de destruição e impasse político, a trégua — se concretizada — pode representar o início de um novo ciclo diplomático e abrir caminho para negociações mais amplas sobre o futuro de Gaza e da convivência entre israelenses e palestinos.

Ainda assim, a fragilidade do cessar-fogo é evidente. A confiança entre as partes é mínima, e qualquer violação pode reacender o confronto. O sucesso dessa fase inicial dependerá da pressão internacional, da vontade política e da coordenação entre mediadores.

Por ora, o mundo observa com expectativa — e cautela — a possibilidade de que, pela primeira vez em quase dois anos, o som das bombas em Gaza dê lugar ao silêncio da trégua.

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