China expulsa dois altos generais em ampla campanha anticorrupção

Xi Jinping e Vladimir Putin no desfile comemorativo do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica em 2025.
Xi Jinping e Vladimir Putin durante o desfile em Moscou que marcou os 80 anos da Vitória na Grande Guerra Patriótica, maio de 2025.

A China anunciou a expulsão de dois dos mais altos oficiais do Partido Comunista e do Exército Popular de Libertação (PLA), numa medida considerada histórica e parte de uma intensificada campanha anticorrupção que atravessa os mais altos escalões militares do país. A ação marca um momento crítico para a liderança de Xi Jinping, que busca consolidar seu controle sobre as forças armadas antes do importante Quarto Plenário do Comitê Central.

Generais expulsos: He Weidong e Miao Hua

Entre os oficiais removidos, destaca-se o general He Weidong, membro do Politburo e vice-presidente da Comissão Militar Central, considerado um dos líderes mais influentes do PLA. Ele se torna o primeiro general ativo a ser destituído desde a Revolução Cultural, um marco que remonta à década de 1960 e que reformulou profundamente a hierarquia militar chinesa.

O outro oficial é o almirante Miao Hua, igualmente acusado de graves violações disciplinares e corrupção financeira. Ambos foram alvo de investigações internas do Partido Comunista, que apontaram irregularidades financeiras, abuso de poder e condutas incompatíveis com as normas partidárias e militares.

Segundo analistas, a escolha de alvos tão altos no comando do PLA demonstra a determinação do governo chinês em reforçar a disciplina militar e manter a lealdade das forças armadas à liderança central.

Contexto político e militar

A expulsão ocorre em um momento estratégico, às vésperas do Quarto Plenário do Comitê Central, fórum onde serão definidas diretrizes políticas e estruturais importantes para o país. Observadores internacionais apontam que Xi Jinping pretende aproveitar o plenário para fortalecer seu controle sobre o PLA, consolidando o alinhamento entre as forças armadas e o núcleo político do Partido Comunista.

Especialistas em política chinesa ressaltam que campanhas anticorrupção dentro do exército não são inéditas, mas a magnitude da ação recente indica um aprofundamento sem precedentes. A repressão a generais ativos é vista como uma mensagem clara de que ninguém, independentemente do posto ou influência, está acima da lei interna do Partido.

Implicações para a estabilidade do PLA

O PLA desempenha um papel central na segurança e projeção internacional da China. A expulsão de líderes de alto escalão pode gerar turbulência interna e afetar a moral dentro das tropas. No entanto, segundo analistas, também funciona como um instrumento de disciplina, reforçando que a lealdade a Xi Jinping e às diretrizes do Partido é prioridade absoluta.

Além disso, a medida pode ter repercussões internacionais, enviando sinais de que a China está disposta a manter uma cadeia de comando rigorosa e controlada, especialmente em momentos de tensão geopolítica, como disputas no Mar do Sul da China e negociações com potências globais.

Corrupção no PLA: um desafio de longa data

A corrupção militar é um problema histórico na China, abrangendo desde compra irregular de equipamentos até subornos e enriquecimento ilícito de oficiais. Xi Jinping, desde sua ascensão ao poder, lançou campanhas anticorrupção que atingiram milhares de membros do Partido Comunista e do PLA, incluindo alguns dos oficiais mais poderosos.

O caso recente se destaca pela visibilidade dos envolvidos e pela simbologia política de remover um general ativo do Politburo. Isso evidencia uma nova fase da campanha anticorrupção: mais agressiva, estratégica e orientada para fortalecer o poder central sobre o aparato militar.

Conclusão

A expulsão de He Weidong e Miao Hua não é apenas uma ação disciplinar, mas um movimento político estratégico que demonstra a determinação do governo chinês em controlar suas forças armadas, consolidar o poder de Xi Jinping e sinalizar, tanto internamente quanto internacionalmente, que a corrupção e a deslealdade não serão toleradas.

Nos próximos meses, a China deve manter atenção elevada sobre o PLA, enquanto o impacto dessas medidas se reflete tanto na política interna quanto na projeção internacional do país. Para analistas, este episódio reforça a imagem de Xi como um líder que, sem hesitar, utiliza o combate à corrupção como ferramenta de reforço de sua autoridade.

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