China se prepara para 2026 com pacote agressivo para impulsionar a demanda interna

Pedestres atravessam rua em frente ao distrito comercial central de Pequim durante a hora do rush.
Pedestres cruzam uma rua durante o horário de pico diante do skyline do distrito comercial central (CBD) de Pequim, em 15 de dezembro de 2020. Foto: Thomas Peter/REUTERS.

Em meio a um ambiente global marcado por incertezas econômicas, desaceleração no comércio internacional e tensões geopolíticas crescentes, a China anunciou que adotará, em 2026, uma estratégia econômica mais ativa e expansiva voltada ao fortalecimento da demanda doméstica. O plano, que envolve medidas fiscais e monetárias mais proativas, busca reduzir a dependência do país das exportações e sustentar o ritmo de crescimento interno.

Mudança de prioridade: do mercado externo para a resiliência doméstica

Ao longo das últimas décadas, a China consolidou seu papel como a grande fábrica do mundo, baseando grande parte de sua dinâmica econômica no comércio exterior. No entanto, a conjuntura atual — marcada por cadeias globais mais fragmentadas, custos logísticos voláteis e pressões políticas — tem levado Pequim a repensar o modelo de desenvolvimento.

A estratégia anunciada destaca uma orientação clara: o consumo interno deve assumir posição central na expansão econômica de 2026. Isso significa incentivar o gasto das famílias, fortalecer o mercado de serviços e estimular investimentos em setores voltados ao mercado doméstico, como tecnologia, energia renovável, mobilidade urbana e indústria de bens de consumo.

Política fiscal expansionista: estímulos diretos e investimentos estratégicos

Para impulsionar a demanda, o governo chinês deve ampliar incentivos fiscais, reduzir encargos sobre empresas e acelerar investimentos públicos em áreas consideradas essenciais para a nova fase econômica. Entre os focos previstos estão:

  • Infraestrutura moderna, como transporte inteligente e redes de energia de alta eficiência;
  • Tecnologias emergentes, especialmente semicondutores, inteligência artificial e computação avançada;
  • Projetos de urbanização, com ênfase em habitação acessível e planejamento urbano sustentável;
  • Expansão do setor de serviços, incluindo saúde, educação, turismo e economia digital.

Esse conjunto de investimentos busca não apenas estimular a criação de empregos e a circulação de renda, mas também fortalecer setores internos capazes de sustentar a economia no longo prazo.

Medidas monetárias mais flexíveis para estimular o crédito

Além da vertente fiscal, a China deve adotar uma política monetária mais flexível, com redução de taxas de juros e afrouxamento de condições de crédito para empresas e consumidores. A ideia é facilitar o acesso a financiamentos, estimular a produção industrial e permitir que famílias disponham de maior capacidade de consumo.

A expectativa é que bancos comerciais recebam orientações para ampliar crédito a pequenas e médias empresas — responsáveis por grande parte da geração de empregos no país — e para setores estratégicos da indústria nacional.

Riscos e desafios em um cenário internacional instável

Embora o plano chinês busque fortalecer a economia doméstica, ele será implementado em um contexto desafiador. A competição com os Estados Unidos, restrições comerciais impostas por países ocidentais, o enfraquecimento da demanda global e a instabilidade nos mercados financeiros são obstáculos significativos.

Além disso, questões internas como o desaquecimento do setor imobiliário, o endividamento de governos locais e a necessidade de manter a estabilidade do mercado de trabalho exigem atenção constante.

Ainda assim, especialistas avaliam que a aposta na demanda interna é um caminho natural e necessário para garantir que a China mantenha crescimento sustentável, especialmente em um momento em que o comércio global dá sinais de retração.

Um ano decisivo para o futuro econômico da China

Com o plano anunciado, 2026 se desenha como um ano crucial para a China redefinir sua trajetória econômica. O país parece determinado a avançar em direção a um modelo menos vulnerável a choques externos e mais apoiado na força do próprio mercado doméstico.

Se bem executadas, as políticas devem não apenas fortalecer o consumo e reduzir riscos estruturais, mas também posicionar a China de forma mais resiliente para enfrentar as transformações da economia mundial nas próximas décadas.

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