Vitória pró-Europa na Moldova redefine equilíbrio político e afasta país da Rússia

Grupo de líderes e parlamentares mundiais reunidos em frente a um edifício oficial, representando a participação da Moldova na conferência internacional, enfatizando paz e integração europeia.
A Moldávia acredita num futuro pacífico e próspero para a União Europeia e defende a paz, democracia e unidade, conforme declarado na Sexta Conferência Mundial de Presidentes de Parlamentos, em 30 de julho de 2025.

As eleições parlamentares realizadas no último domingo (28) na Moldova definiram um rumo claro para o país: a continuidade da aproximação com a União Europeia e o distanciamento político em relação à Rússia. Com a contagem concluída, o Partido de Ação e Solidariedade (PAS), de orientação pró-europeia, conquistou 50,16% dos votos e 55 dos 101 assentos no Parlamento, garantindo maioria absoluta.

O resultado representa um duro revés para os grupos pró-Moscou, especialmente o Bloco Patriótico, que obteve 24,19% dos votos e 26 assentos. Entre os partidos menores, o Our Party alcançou cerca de 8,6% (9 assentos), o Alternativa ficou com 6,1% (6 assentos) e o Democracy at Home Party recebeu 5,8% (5 assentos). Embora tenham conquistado representação, não possuem força suficiente para alterar o equilíbrio de poder no novo Parlamento.

A escolha entre Europa e Rússia

A eleição foi marcada por um forte componente geopolítico. A Moldova, historicamente situada entre o bloco europeu e a esfera de influência russa, viveu semanas de campanha polarizada. O PAS defendeu a continuidade do processo de integração com a União Europeia, ressaltando benefícios econômicos, apoio institucional e segurança diante das ameaças regionais. Já os partidos pró-Rússia buscaram explorar o descontentamento de parte da população com os altos custos de vida e a instabilidade social, prometendo uma política externa mais alinhada a Moscou.

Contexto histórico

Ex-república da União Soviética, a Moldova conquistou independência em 1991, mas desde então convive com divisões políticas e identitárias. A região separatista da Transnístria, apoiada por Moscou e onde tropas russas permanecem estacionadas, continua sendo um dos principais pontos de tensão e um lembrete constante da fragilidade da soberania moldava.

Implicações internas

Com a vitória expressiva, o PAS terá margem para implementar reformas econômicas e institucionais alinhadas às exigências de aproximação com Bruxelas. No entanto, o partido enfrenta o desafio de responder a problemas domésticos, como inflação persistente, desigualdades sociais e críticas à gestão de serviços públicos.

Para a oposição, o resultado representa não apenas uma derrota eleitoral, mas também a dificuldade de reverter o apoio crescente ao projeto europeu. Ainda assim, partidos ligados a interesses russos mantêm espaço significativo no Parlamento, o que pode alimentar debates intensos e protestos nos próximos meses.

Reações externas

Na União Europeia, a vitória pró-Europa foi recebida como uma sinalização clara de que a Moldova segue determinada a se integrar ao bloco. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou em comunicado: “O povo moldavo escolheu o caminho da democracia e da integração europeia. Estamos prontos para apoiar essa decisão histórica.”

Já a Rússia reagiu com reservas. O Ministério das Relações Exteriores em Moscou declarou que houve “interferência ocidental direta” e criticou o que chamou de “pressões externas inaceitáveis sobre o eleitorado moldavo”. Analistas apontam que Moscou deve intensificar sua atuação política e midiática na região, em uma tentativa de manter algum grau de influência sobre a sociedade moldava.

Impacto regional

O resultado eleitoral moldavo ocorre em meio à guerra na Ucrânia e às tensões permanentes no leste europeu. Para Kiev, a vitória pró-Europa na Moldova é vista como uma notícia positiva, já que reforça o bloco de países da região dispostos a se alinhar contra a pressão russa. Por outro lado, especialistas alertam que a Moldova pode se tornar alvo de maior pressão híbrida por parte de Moscou, incluindo campanhas de desinformação, ciberataques e exploração de divisões políticas internas.

Conclusão

A vitória do PAS consolida a Moldova como um país cada vez mais voltado para o Ocidente, com maioria parlamentar capaz de sustentar reformas e aproximar o país da União Europeia. Porém, o caminho não será livre de obstáculos: os desafios econômicos internos e a pressão externa russa continuarão a testar a capacidade do governo de manter apoio popular e estabilidade política.

O desfecho dessas eleições, portanto, não apenas redefine a política moldava, mas também representa um capítulo importante no tabuleiro geopolítico europeu.

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