Itália condiciona reconhecimento da Palestina à libertação de reféns e ao afastamento do Hamas

Primeira-ministra italiana em reunião com o chanceler alemão Friedrich Merz durante a Cúpula do G7 de 2025 em Kananaskis.
Durante a Cúpula do G7 em Kananaskis, em 16 de junho de 2025, a primeira-ministra da Itália reuniu-se com o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz.

O governo italiano anunciou nesta semana que está disposto a considerar o reconhecimento do Estado da Palestina — mas sob duas condições claras: a libertação dos reféns israelenses ainda mantidos em Gaza e a garantia de que o Hamas não terá papel de governo em um futuro Estado palestino.

Essa posição chega em um momento de intensificação diplomática na Europa, com debates crescentes sobre reconhecimento internacional, direitos humanos e segurança regional, especialmente em meio à guerra entre Israel e Hamas.

Situação atual do reconhecimento internacional

  • De um total de 193 países membros das Nações Unidas, cerca de 143 reconhecem oficialmente a Palestina como Estado.
  • Na União Europeia, o número de Estados-membros que já reconhecem a Palestina é de 9 países atualmente — cinco desses eram ex-países do bloco soviético antes de aderirem à UE.
  • França está prestes a oficializar seu reconhecimento em setembro de 2025, o que elevará para 10 ou 11 membros da UE esse conjunto de países.

Reféns israelenses: quantos ainda permanecem

  • Após o ataque de 7 de outubro de 2023, aproximadamente 251 pessoas foram tomadas como reféns, entre civis, militares e estrangeiros.
  • Desde então, muitos foram liberados, resgatados ou, infelizmente, alguns morreram. Até meados de junho de 2025, cerca de 50 reféns ainda permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza. Alguns relatórios estimam que uma parte desse número possa já estar falecida, mas há incerteza sobre quem está vivo ou morto.

A posição italiana em contexto

A Itália estabelece que o reconhecimento formal da Palestina será condicionado a:

  1. Libertação dos reféns israelenses ainda mantidos por grupos ligados ao Hamas.
  2. Afastamento do Hamas do governo palestino, de modo que um futuro Estado palestino tenha liderança considerada aceitável pela comunidade internacional ocidental.

Essa postura reflete uma estratégia diplomática que busca conciliar postura humanitária com exigências de segurança e legitimidade política.

Impactos e repercussões prováveis

  • A exigência da libertação dos reféns coloca pressão sobre Israel e Hamas para negociações ou trocas de prisioneiros, e reforça a importância humanitária dessa questão para decisões diplomáticas.
  • A condição de exclusão do Hamas do governo responde às preocupações de muitos países ocidentais que consideram o Hamas como organização terrorista, o que torna controverso qualquer reconhecimento sem essa garantia.
  • Dentro da União Europeia, a posição da Itália pode estimular outros países indecisos a adotarem critérios semelhantes, acelerando o movimento pelo reconhecimento condicionado da Palestina.
  • Do ponto de vista diplomático global, essa decisão italiana pode criar tensões entre aliados que não adotam critérios tão rígidos ou que favorecem um reconhecimento imediato sem essas condições.

Conclusão

A Itália adota uma posição ao mesmo tempo estratégica e cautelosa: disposta ao reconhecimento da Palestina, mas impondo condições que visam garantir segurança política e moral. Esse tipo de condicionamento sinaliza que, para muitos países europeus, reconhecer não basta — é preciso haver um arcabouço claro de legitimidade e responsabilidade.

Em última instância, isso evidencia uma nova etapa da diplomacia europeia no Oriente Médio: uma etapa em que reconhecimento, humanitarismo e segurança caminham juntos, e onde decisões simbólicas — como reconhecer um Estado — são articuladas com requisitos concretos e com riscos calculados. Se outros países seguirem essa linha, poderemos ver uma mudança significativa no perfil diplomático europeu em relação ao conflito israelo-palestino.

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