A Rússia confirmou oficialmente, em discurso de 1º de agosto de 2025, que os primeiros mísseis hipersônicos “Oreshnik” entraram em produção serial e serão implantados na Bielorrússia até o fim de 2025. Esse movimento altera o equilíbrio de poder na Europa ao criar um novo vetor de dissuasão, com velocidade e alcance capazes de atingir alvos estratégicos em território da OTAN e na própria Ucrânia.
O que são os mísseis “Oreshnik”?
Desenvolvido pelo Kremlin como parte de seu programa de modernização iniciado em 2018, o Oreshnik (do russo “avelaneira”) é um míssil intercontinental hipersônico:
- Velocidade: até Mach 10 (~12 000 km/h)
- Alcance: estimado entre 3 400 e 5 500 km, categoria IRBM (Intermediate‑Range Ballistic Missile)
- Ogivas: convencional ou nuclear tática, com capacidade MIRV em desenvolvimento
- Tecnologia: manobra atmosférica evasiva para frustrar defesas antiaéreas
- Operacionalização: entregue em lotes iniciais às Forças de Mísseis Estratégicos
- Em novembro de 2024, a Rússia usou de forma experimental o Oreshnik contra uma fábrica em Dnipro, no sul da Ucrânia.
Por que escolher a Bielorrússia?
A Bielorrússia, sob o governo de Alexander Lukashenko, estreitou laços militares com Moscou após a crise interna de 2020:
- Bases permanentes: instalação de unidades aéreas e terrestres russas
- Armas nucleares táticas: recebimento de ogivas em 2023
- Parcerias em exercícios conjuntos: preparados para o próximo Zapad‑25, em setembro
A implantação no território bielorrusso oferece à Rússia:
- Lançamento avançado: Varsóvia, Berlim, Praga e Viena ficam dentro do alcance máximo
- Pressão direta: regiões norte e centro‑oeste da Ucrânia em minutos de voo
- Resposta à OTAN: reação ao ingresso de Finlândia e Suécia na Aliança
Reação da OTAN e da União Europeia
Em Bruxelas, o secretário‑geral Jens Stoltenberg classificou a manobra como “uma escalada grave que será respondida” com reforço de defesas antiaéreas. Entre as medidas em estudo:
- Desdobramento adicional de sistemas Patriot e IRIS‑T SLM
- Aceleração de programas europeus de interceptação hipersônica
- Sanções financeiras e tecnológicas contra empresas de mísseis russas e bielorrussas
Até o momento, porém, nenhum sistema disponível provou interceptar com eficácia vetores hipersônicos manobráveis.
Impacto na Ucrânia
Para a Ucrânia, a proximidade dos lançamentos reduz drasticamente o tempo de alerta:
- Lviv, Kiev e Dnipro vulneráveis a ataques surpresa
- Redistribuição de recursos antiaéreos de frentes ativas para defesa estratégica
- Risco ampliado à infraestrutura crítica (energia, transportes, comunicações)
A nova corrida hipersônica
A implantação do Oreshnik reforça a posição russa em um cenário de intensificação global:
| País | Sistemas Operacionais | Observações |
|---|---|---|
| Rússia | Oreshnik, Kinzhal, Avangard, Zircon | Liderança em alcance e velocidade |
| EUA | ARRW, HAWC (em testes) | Ainda sem versão operacional plena |
| China | DF‑ZF, DF‑27 | Expansão de capacidade |
Com o Oreshnik em solo bielorrusso, a hipersônica deixa de ser conceito e torna‑se prática cotidiana de dissuasão.
Cenários futuros
- Escalada controlada: ambas as partes mantêm dissuasão simbólica dentro de limites estabelecidos.
- Incidente desencadeante: qualquer teste ou alerta falso pode provocar respostas automáticas da OTAN.
- Zona militar permanente: Zapad‑25 e futuras rotações criam uma base avançada russa na Europa.
Conclusão
O anúncio e a próxima implantação dos mísseis hipersônicos Oreshnik na Bielorrússia redefinem a arquitetura de segurança europeia. Com alcance intercontinental e velocidade extrema, esses vetores fortalecem a posição de Moscou enquanto testam a capacidade de resposta de OTAN e UE. Trata‑se de um marco estratégico: a hipersônica tornou‑se, de vez, arma de influência política e militar na Eurásia.

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